O vitiligo é uma condição cutânea crônica que afeta milhões de pessoas no mundo todo. Embora não represente risco direto à saúde física, essa doença pode causar grande impacto emocional e social. Afinal, as manchas brancas na pele afetam a autoestima e frequentemente geram constrangimento.
Por isso, compreender a origem, as formas de manifestação e as possibilidades terapêuticas do vitiligo é fundamental. Neste post, você confere um resumo atualizado do artigo científico publicado nos Anais Brasileiros de Dermatologia, que apresenta os principais avanços sobre o tema. Veja o artigo completo nesse link
1. O que é o vitiligo?
O vitiligo é uma doença adquirida, marcada pela perda progressiva da pigmentação da pele. Em geral, essa despigmentação acontece de forma simétrica e tende a aumentar com o tempo.
Além disso, a condição não é contagiosa nem provoca dor. No entanto, seus efeitos emocionais são significativos. Muitas vezes, o paciente se sente inseguro, evita a exposição social e sofre discriminação.
2. Quais são as causas?
Ainda não existe uma causa única definida. Porém, a ciência já identificou diversos fatores envolvidos no surgimento do vitiligo. Veja os principais:
- Genética: cerca de 20% dos casos ocorrem em pessoas com histórico familiar.
- Autoimunidade: o corpo pode passar a atacar os próprios melanócitos.
- Fatores emocionais: estresse intenso e traumas psicológicos estão ligados ao início dos sintomas.
- Agentes externos: substâncias químicas, queimaduras e traumas físicos também podem desencadear ou agravar a condição.
Portanto, o vitiligo é considerado uma doença multifatorial. Isso significa que diferentes elementos contribuem para seu desenvolvimento.
3. Como o vitiligo é classificado?
Existem diferentes formas clínicas de apresentação. Abaixo, listamos as principais:
- Vitiligo focal: manchas isoladas em áreas limitadas.
- Vitiligo segmentar: geralmente unilateral, segue um padrão linear.
- Vitiligo vulgar: forma mais comum, com manchas distribuídas em várias partes do corpo.
- Vitiligo universal: quando mais de 50% da superfície corporal é afetada.
Além disso, algumas formas podem coexistir, o que torna o diagnóstico ainda mais desafiador. No entanto, o dermatologista consegue identificar o tipo específico com base no exame clínico e na evolução das lesões.
4. Como o diagnóstico é feito?
O diagnóstico do vitiligo é basicamente clínico. Em geral, não é necessário nenhum exame laboratorial para confirmar a doença.
No entanto, a luz de Wood é uma ferramenta muito útil. Esse exame emite radiação ultravioleta, que ajuda a visualizar as áreas despigmentadas com mais clareza.
Além disso, como existe associação frequente com doenças autoimunes, é importante investigar disfunções da tireoide e outras condições associadas.
5. Quais são os diagnósticos diferenciais?
Nem toda mancha branca é vitiligo. Por isso, é essencial descartar outras doenças que causam hipopigmentação ou despigmentação. Entre elas, podemos citar:
- Tinea versicolor
- Hipomelanose de Ito
- Lúpus cutâneo
- Nevo halo
- Piebaldismo
Portanto, se houver dúvida, o dermatologista pode solicitar uma biópsia ou outros exames complementares.
6. Quais são os tratamentos disponíveis?
Infelizmente, ainda não há cura definitiva para o vitiligo. Mesmo assim, diversos tratamentos já demonstraram bons resultados na repigmentação da pele. A seguir, listamos os mais utilizados:
a) Corticoides tópicos
São indicados principalmente para lesões localizadas e recentes. Embora tenham bons resultados, seu uso prolongado requer cautela.
b) Fototerapia com UVB de banda estreita
Esse é um dos métodos mais eficazes atualmente. O tratamento estimula os melanócitos residuais, promovendo repigmentação progressiva.
c) PUVA (psoraleno + UVA)
Embora seja uma técnica mais antiga, ainda pode ser eficaz em alguns casos. No entanto, os efeitos colaterais são mais comuns.
7. E quanto aos procedimentos cirúrgicos?
Quando o vitiligo se estabiliza e não há resposta ao tratamento clínico, a cirurgia pode ser uma alternativa. As técnicas mais comuns são:
- Transplante de melanócitos
- Enxerto de pele autóloga
- Micropigmentação (tatuagem médica)
No entanto, é fundamental que o paciente esteja com a doença estável por pelo menos um ano. Além disso, a resposta ao procedimento pode variar bastante.
8. Existem tratamentos complementares?
Sim. Diversas terapias alternativas estão em fase de pesquisa ou uso complementar. Entre elas, podemos destacar:
- Suplementação com antioxidantes;
- Uso de extrato de placenta (melagenina);
- Fenilalanina oral associada à exposição solar;
- Pseudocatalase combinada à luz UVB.
Embora algumas opções ainda careçam de estudos robustos, os resultados preliminares são animadores. Por isso, o acompanhamento médico é indispensável para avaliar riscos e benefícios.
9. Qual o impacto psicológico da doença?
O vitiligo afeta profundamente a autoestima e a qualidade de vida. Muitas pessoas enfrentam preconceito, olhares invasivos e isolamento social.
Por essa razão, o suporte psicológico é parte fundamental do tratamento. Além da pele, é preciso cuidar da saúde emocional do paciente.
Conclusão
O vitiligo é uma condição complexa e desafiadora. Embora não represente perigo físico direto, seu impacto emocional exige atenção e acolhimento. Felizmente, os avanços na dermatologia oferecem diversas opções de tratamento com bons resultados.
No entanto, cada caso é único. Portanto, o melhor caminho é buscar orientação de um dermatologista experiente, capaz de personalizar o tratamento e oferecer suporte contínuo.
A informação é o primeiro passo para o cuidado eficaz.
Referência do artigo resumido
Steiner D, Bedin V, Moraes MB, Villas RT, Steiner T.
Vitiligo. Anais Brasileiros de Dermatologia. 2004;79(3):335–351.
https://doi.org/10.1590/S0365-05962004000300010