A rosácea é uma doença inflamatória crônica da pele que afeta principalmente adultos entre 30 e 50 anos, especialmente indivíduos de pele clara. Apesar de ser uma condição benigna, a rosácea pode gerar grande impacto estético, emocional e social, exigindo, portanto, uma abordagem terapêutica multidisciplinar.
O artigo “Rosácea – aspectos epidemiológicos, fisiopatológicos e manejo terapêutico” oferece uma revisão atualizada sobre o tema e pode ser acessado neste link.
Definição e Epidemiologia
A rosácea acomete principalmente a região centrofacial (bochechas, nariz, queixo e testa).
Caracteriza-se por sintomas como:
- Eritema persistente
- Rubor
- Telangiectasias
- Pápulas e pústulas
- Sensação de queimação e ardência
A prevalência mundial é estimada em cerca de 5,5% da população adulta, sendo mais comum em pessoas de fototipos I e II (pele clara). Além disso, o subdiagnóstico é frequente em indivíduos de pele mais escura, dificultando o reconhecimento clínico das manifestações.
Fisiopatologia
A rosácea é multifatorial e envolve:
- Disfunção do sistema imunológico inato e adaptativo.
- Ação exacerbada de micro-organismos como Demodex folliculorum e bactérias como Bacillus oleronius.
- Estímulo de receptores de reconhecimento, como TLR2, ativando vias inflamatórias (catelicidinas LL-37, NLRP3, IL-1β, TNF-α).
- Influência de receptores neurocutâneos (TRPV e TRPA1) relacionados à sensibilidade térmica e inflamatória.
- Disfunções da barreira cutânea e estímulos ambientais (calor, radiação UV, alimentos picantes, álcool).
Assim sendo, a resposta inflamatória resultante gera as manifestações clínicas típicas da doença.
Classificação e Sintomatologia
A rosácea é dividida em quatro subtipos principais:
- Eritemato-telangiectásica (ETR): Eritema persistente e rubor facial.
- Papulopustulosa (PPR): Erupções inflamatórias sem comedões (semelhante à acne adulta).
- Fimatosa: Espessamento e fibrose cutânea, geralmente no nariz (rinofima).
- Ocular: Prurido, sensação de areia nos olhos, blefarite e olho seco.
Ademais, muitos pacientes apresentam manifestações sobrepostas de mais de um subtipo, o que exige diagnóstico e tratamento individualizados.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico, baseado na história e exame físico, com exclusão de outras dermatoses como:
- Acne vulgar
- Dermatite seborreica
- Lúpus eritematoso cutâneo
Em geral, biópsias são raramente necessárias para confirmação.
Tratamento
O tratamento visa reduzir os sintomas, prevenir exacerbações e melhorar a qualidade de vida. Dessa forma, são indicadas as seguintes abordagens:
Cuidados com a pele
- Uso diário de protetor solar FPS 30+.
- Limpeza suave com produtos livres de lipídios.
- Hidratação adequada sem óleos vegetais ou animais.
Tratamentos Tópicos
- Brimonidina e oximetazolina: Redução do eritema facial.
- Ivermectina, ácido azelaico, metronidazol e sulfacetamida de sódio: Controle de pápulas e pústulas.
Assim também, a escolha do tratamento tópico deve considerar o subtipo predominante e a sensibilidade da pele.
Tratamentos Orais
- Tetraciclinas (minociclina e doxiciclina) em doses subantimicrobianas para controle inflamatório.
- Isotretinoína oral: Para casos severos e refratários.
- Terapias off-label, como carvedilol, cromoglicato e toxina botulínica, podem ser úteis para manejo de rubor persistente.
Logo, a seleção do tratamento oral deve ser criteriosa e adaptada ao perfil clínico de cada paciente.
Medidas de Prevenção
Adotar medidas preventivas é essencial para reduzir crises e controlar os sintomas:
- Evitar exposição excessiva ao sol, calor, álcool e alimentos condimentados.
- Adotar dietas anti-inflamatórias ricas em fibras e probióticos.
Além disso, o aconselhamento educacional para identificação de gatilhos individuais é fundamental.
Considerações Finais
A rosácea é uma condição dermatológica complexa, que requer diagnóstico precoce e abordagem terapêutica individualizada. Ainda assim, educar o paciente sobre cuidados com a pele e identificação de gatilhos ambientais é essencial para melhorar os sintomas e a qualidade de vida.
Por fim, o artigo reforça a importância de revisitar práticas clínicas para incluir maior atenção ao diagnóstico de rosácea em pessoas de pele escura, tradicionalmente subdiagnosticadas.
Fonte:
Salge, J.V., Marconi, J.C.A., Paiva, M.S., Costa, B.S., Morais, L.M.F.M. (2024). Rosácea – aspectos epidemiológicos, fisiopatológicos e manejo terapêutico. Brazilian Journal of Health Review, 7(3), 1-10. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/download/70457/49653/173128